Nos dias 28 e 29 de junho decorreu no St. Peter's College de Oxford o Colóquio Internacional O Renascimento Português – Desafios e Novas Linhas de Investigação, organizado pela Associação Internacional de Lusitanistas, o St. Peter's College da Universidade de Oxford e o King's College de Londres.

 Seguindo o modelo aplicado noutros Colóquios, nomeadamente o de Budapeste 2012, que terá continuidade em 2013, o encontro contou com uma seleção de especialistas relevantes no âmbito do estudo do período renascentista em Portugal, junto com investigadores e investigadoras que acudiram à chamada para trabalhos publicada pela organização do Colóquio.

O propósito da reunião científica era colocar os problemas investigadores atuais, e propostas para a sua solução no que atinge especificamente ao período quinhentista português. Através das 26 comunicações apresentadas, incluídas as conferências plenárias dos professores José Augusto Cardoso Bernardes e Thomas Earle, nomes canónicos da produção literária de Quinhentos foram trazidos ao foco, achegando novas perspetivas e novos modelos de análise. Entre as propostas, salientam os contributos da História, da Geografia e da Sociologia para uma melhor compreensão dos processos que levaram não apenas à produção literária que hoje identificamos como a própria do Renascimento português, mas também para compreender as utilidades e funções que consumidores e consumidoras da época davam a esses textos.

Foi discutida a utilização das representações gráficas –tanto as produzidas no século XVI, como as utilizadas na atualidade para a representação dos resultados investigadores- para a melhora dos resultados investigadores. Neste sentido, foram salientáveis os estudos realizados dos mapas e através dos mapas, por um lado, e as achegas para a construção de uma cartografia da produção literária e cultural no Portugal quinhentista por meio da incorporação de técnicas da sociologia.

Objeto de análise foi também a incorporação aos estudos renascentistas da complexa realidade linguística do período, com especial relevância para a produção em latim e para a abordagem peninsular de fenómenos estéticos, políticos e sociais.

Em consequência, foi salientada no Colóquio a necessidade de estudar profundamente não apenas a produção, mas também a reconstrução da narrativa sobre essa produção através das histórias literárias, com incidência não apenas na pesquisa, mas também na docência e na divulgação de resultados.

No contexto do Colóquio foram apresentadas duas novidades bibliográficas que terão grande impacto nos estudos renascentistas: por um lado, Thomas F. Earle apresentou o volume Estudos sobre a cultura e literatura do Renascimento, compilação de alguns dos seus estudos clássicos sobre o período, junto com investigação ainda inédita; por outro, Vanda Anastácio deu a conhecer a sua Uma Antologia Improvável: A Escrita de Mulheres (séculos XVI a XVIII), a resposta ao desafio de se é possível elaborar uma base de dados para recolher a produção feita por mulheres antes do 1800.